segunda-feira, 14 de maio de 2012

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Lembro-me bem dos primeiros tempos naquela escola. Para todo o sítio que olhava, sentia olhares indiscretos. Ambas sabemos que não fui muito bem recebida. Mas houve sempre uma pessoa que me pegava na mão, e que me dizia para nunca mudar por ninguém, e que não ia deixar de estar comigo pela opinião das pessoas. Essa pessoa passava todos os intervalos comigo e fazia-me rir enquanto chorava. Essa pessoa sentava-se ao pé de mim nas aulas. Essa pessoa aprendeu a lidar comigo. Essa pessoa entrou na minha vida, explorou a minha pessoa, e a partir do momento em que o fez, começou a conhecer-me como mais ninguém conhecia. Por outro lado, havia uma pessoa que comigo não tinha simpatizado de início mas que, de repente, conheceu-se realmente. Essa pessoa sempre foi directa comigo, e nunca houve espaço para falsidades entre nós. Há muita cumplicidade envolvida entre este circulo de amizade. A uma apalpo o rabo, a outra apalpo as mamas. Uma chamo otária, outra chamo chalaninha. Discuto com as duas, e às duas peço desculpa de seguida. Todos os intervalos temos que ir ao bar para elas comerem (que chatas!), se não elas não se calam. Mesmo que esteja a tocar para a entrar, elas insistem em esperar pelo pequeno almoço. Todas as manhãs, eu chego atrasada, e assim que abro a porta da sala, há olhares indiscretos ou simplesmente indiferença, mas lá ao canto, a meio da primeira fila, estão lá duas alminhas pacientes e fiéis, a quem eu já não chamo só de amigas, mas sim irmãs, que me oferecem um sorriso de orelha a orelha. Elas não têm problemas em gritar comigo quando preciso de abrir os olhos. Nem que seja só porque peço à que tem umas graaaandas mamas para me fazer massagens ou penteados no meio da aula. A minha auto-estima não é muito alta, mas o sentido de humor compensa. Quando estou em baixo, elas oferecem-me elogios que juram ser verdadeiros. E eu retribuo com MOMENTOS DE PURA DIVERSÃO! Bem, diversão ou então momentos de pura vergonha que as faço passar. Mas enfim... São tantas as coisas que eu podia contar... Como a nossa rotina do almoço (que fica entre nós para não ficarmos com a pequena reputação que temos estragada já). E eu que já estava tão habituada à minha rotina, que eram vocês. Pois é... Parece que este ciclo está prestes a chegar ao fim. E eu só posso agradecer-vos por, dois anos lectivos consecutivos, terem-me feito crescer, por me terem feito sentir completa, por me terem feito feliz. Cada uma há-de seguir o seu caminho, mas acreditem... União como esta, não se desfaz. Nem que seja só em lembranças, ela vai existir. "Para sempre é um tempo longo, mas eu não me importava de o passar ao vosso lado". Obrigada, minhas meninas. Amo-vos com tudo o que tenho, e com tudo aquilo que eu sou, e que aprendi a ser... Graças a vocês.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Ela e ele



Não acredites quando ela te disser que acabou. Não ligues quando ela te pedir para ires embora. Não sei sela gosta de acabar o dia com os phones nos ouvidos a chorar por mais uma vez a teres desiludido, ou por simplesmente nada ter mudado. Eu só sei que ela, por nenhum motivo, consegue deixar-te para trás e fazer e ti o passado da vida dela. Tu fazes merda. Acertas uma e erras cem. Tu és mesmo todo errado, e não te dás muito à perfeição. És indeciso, não sabes o que queres. Tu fazes muitas coisas que não devias dizer, e não dizes coisas que tu devias e queres dizer. Tu erras, pronto. Mas também te elogio a paciência que tens para ela. Ela chama-te bipolar, mas ela às vezes também consegue ser. Tu já sabes que quando dizes que vais embora, ela vai arranjar um motivo para discutirem. E eu vou-te dizer porquê... Uma das razões é a esperança que ela tem de que tu digas aquilo que ela no fundo acha que sentes. E a outra razão é prender-te a ela por mais uns minutos. Todo o tempo é pouco. Não sei se a hei-de criticar por dar-te sempre "só mais uma" oportunidade, ou se hei-de aplaudir de pé todas as provas do seu amor por ti, que ela te dá. Acho que ela te dá o benefício da dúvida porque, apesar de tudo, ela sabe que tu não és maldoso. E, para além disso, acho que ela não imagina mesmo a vida dela sem ti. Não imagina um dia sem se rir de uma mensagem tua. Não imagina um dia sem discutir contigo para te despachares porque já estão atrasados para a aula da tarde. Não imagina um dia sem dizer "és ridículo". Não imagina um dia sem virar a cara quando tu a fazes rir, quando ela não quer dar o braço a torcer e dizer "pronto, tu tens piada", e quando tu a vires para ti e ela ainda se está a rir, ela diz-te "estou-me a rir porque tu não tens piada", é mentira. Ela não imagina um dia sem ti, a sério. E quando ela diz "nem lhe quero olhar para a cara", ela no fundo faz o que pode para puder ver-te. E se te vê triste, e está está triste por causa de coisas que tu fizeste, ela vai ficar ainda mais triste por tu estares triste. E ela acha irritante, mas ao mesmo tempo acha adorável e impressionante a maneira como toda a gente acredita em ti. Pronto, resumindo: ela é completamente maluca por ti. Ela adora-te, e não há nada neste mundo que consiga destruir o amor que ela te tem. Ela ama-te, e tu podes sentir-te um sortudo por teres alguém que sinta o que ela sente por ti, de maneira a que tu digas "fogo, ela ama-me. eu sou amado." O coração dela escolheu-te a ti, ela não teve opção se não aceitar. Mas cá para nós... Ela também te escolheu a ti.