sábado, 3 de março de 2012

Beatriz Louro

Acho que todos os seres humanos que têm o poder e a gratificante capacidade de amar sem limites, são coerentes pelo menos num desejo. Todos nós, e eu incluo-me nesse role dessas pessoas fantásticas (e digo fantásticas por que, nem todos temos essa capacidade; a capacidade de amar), precisamos da modesta quantia de uma pessoa para nos fazer sentir amados. Pelo menos uma pessoa, uma pessoa amiga. Mas amiga a sério, sem fronteiras e sem limites no que tiverem que fazer para conseguir fazer a pessoa que se ama, sorrir. Uma pessoa a quem possamos ligar quando precisamos de falar, mesmo que seja para dizer os maiores disparates, porque sabemos que, em vez de um silêncio constrangedor que nos faz sentir completamente não-retribuídos, ou em vez de um "já te ligo", ou até mesmo um bombardear de novidades novas, que interpelam o nosso momento, nós vamos ouvir uma ofensa. E isso é bom, sim. É bom porque não é uma ofensa ofensiva. É uma ofensa vinda de quem nos ama, e de quem, mais uma vez nos faz sorrir. E logo a seguir, vamos ouvir um "como estás?", cheio de preocupação, curiosidade, mas repleto, também, de uma genuína naturalidade ao fazê-lo, como se fosse uma necessidade, uma prioridade habitual. 
Nós, na verdade, nunca adquirimos esse alguém. Mas temos a fantástica oportunidade de o ter. Mas basta um erro. E outro, seguido de outro, e mais um, por consequência de outro, que sem entendermos, dá origem a mais um(...) E é um ciclo vicioso de erros constantes que, sem darmos conta, cometemos. E magoamos quem mais amamos, e quem mais nos ama. Quem menos merece ser magoado, e quem menos queremos magoar. Mas acontece. E chega a um ponto que, como toda a corda demasiado esticada, rebenta. Todo o saco demasiado cheio, também. Tal como um copo cheio até ao limite da sua capacidade, transborda. E como tantos outros casos, eu magoei alguém. Alguém que estava longe, mas que mesmo assim, estava sempre perto de mim, e para mim também. Alguém que conseguia animar-me, só com a expressão dos seus olhos quando sorria; a maneira como a sua gargalhada era, e é, engraçada. Alguém que, como mais ninguém, tinha a grande e corajosa capacidade de me amar, e saber como lidar comigo. Alguém que me respeitava, que se preocupava de verdade comigo, acima de tudo o que eu podia fazer. Resumidamente, alguém a quem eu retribuía tudo isso, mas alguém com quem me fui descuidando com os meus próprios actos, com a falta das minhas próprias palavras, e com a minha ausência que, cada vez, era mais notória. Esse alguém fartou-se. De tanto magoada, resolveu dar ouvidos ao seu orgulho, porque também tinha esse direito. Ouvi um "não", da boca dessa pessoa. E ambas abrimos mão do - pelo menos meu - bem mais precioso. Não se interessa porquê, como conseguimos, nem por quanto temos andamos afastadas. Interessa que voltámos onde realmente sempre pertencemos. Uma do lado da outra. Ainda que longe. Separadas por alguns (poucos) quilómetros, que são os suficientes tanto para nos afastar fisicamente, como também para nos aproximar, e fazer com que entendamos o quão grandioso e precioso é este amor, e esta amizade. 
Sabes a quem me dirijo. Sabes perfeitamente que és tu. Mesmo quando, quem está perto, me vira as costas, me julga, me faz sentir como se fosse a pior pessoa deste mundo, a causadora da minha própria dor... Tu, longe, com poucas (mas boas) palavras, viras esse jogo, mudas a minha opinião, e fazes-me ver as coisas de maneira diferente. E é por essas e por outras que, mesmo estando perto, essas pessoas, para mim, estão longe, enquanto que tu, mesmo longe, para mim estás perto, como mais ninguém está. No meu coração, existe um lugar que podes considerar um dado adquirido, um lugar cativo, que é só teu. És insubstituível, acredita no que te digo. Passe o tempo que passar por nós, haja o que houver, apareça quem aparecer, aconteça o que acontecer, sabes que mais? Nada do que possamos vir a viver, vai mudar isto que nós temos. É puro, verdadeiro, genuíno. Tenho o maior orgulho em dizer que te tenho comigo, e que nunca vou considerar que és um dado adquirido na minha vida; vou sempre fazer questão de te conquistar. Todos os dias da minha vida, e sempre que puder. És a melhor coisa que já me aconteceu. 
Eu amo-te, e se pudesse escolher alguém para estar comigo todos os dias, espero que saibas que a minha escolha eras tu.

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