quarta-feira, 7 de março de 2012

Sabes é que...

Desculpa. Era o que ouvirias da minha boca. Era o que lias do meu papel de rascunho que tornar-se-ia no papel oficial da minha carta dirigida a ti, que nem carta era, que nem carta deveria ser, porque era apenas isso - um rascunho. Um rascunho, num papel amachucado, com palavras riscadas. Pedir-te-ia desculpa se exigisse de ti a perfeição, quando eu própria estou longe de atingi-la.
É. Eu sou toda imperfeita. Saio de casa sem tomar o pequeno almoço, porque ponho o meu despertador para as 7:45, e acabo sempre por acordar as sete e cinquenta e tal, ainda que more em frente à escola. É habitual eu chegar atrasada à primeira aula, porque, para além de ter o despertador adiantado 15 minutos, eu sei que o adiantei, então não me preocupo. Gosto de chamar a atenção, e a minha mãe odeia isso. Não é que eu não goste de me manter na minha, e passar despercebida, até porque eu gosto, mas às vezes dá-me vontade de soltar o meu lado mais presente, que é o meu lado engraçado. Também sei que não sou certa. Quando estamos juntos, reajo de maneira contrária ao que realmente quero fazer. Às vezes exagero. Troco-me toda, perco o controlo e trato-te mal. Sou tão estúpida. Às vezes nem sequer faço sentido. Também sei que tenho um feitio que a palavra "especial" não é bem a indicada. Tenho um feitio lixado. Um feitio bastante complicado, no sentido literal da palavra. Tenho vergonha de tudo e de mais alguma coisa, e se pudesse, mudava isso. Recuso coisas que quero fazer por timidez. Já para não falar dos ciúmes que eu tenho, que me cegam. Ciúmes exagerados, que me fazem agir de cabeça quente. Também falho quando ponho a minha palavra em causa, quando digo que desisto, que me vou embora, e continuo no mesmo sítio, acabando por agir da mesma maneira. Já para não falar das asneiras que digo quando não devia (uma menina decente mantém a sua postura), o quão respondona eu sou, e o facto de usar palavras complicadas quando tu, às vezes, não entendes. Eu sou toda ao contrário. A vontade de falar contigo é mais que muita, e, para além de nunca ser eu a meter conversa, ainda a mato, porque sabes... Eu odeio conversas monótonas, iguais a todas as horas, sem cabimento nenhum, vazias, que se passam despercebidas e que não fazem diferença nenhuma. Adoro sopa, peixe e legumes, mas não como comida saudável; resumo-me aos chocolates, e às comidas fáceis. A verdade é que a minha mãe também não ajuda. Faz sempre comidas calóricas, tão deliciosas, como é que se resiste?! Não dá. Se calhar tem medo que eu fique anoréctica, ou algo parecido. Sim, vem mesmo a propósito... Não sou muito cheia. Às vezes acho-me magra demais. Não me acho nada de especial, mas isso não é coisa que me preocupe. Quando me elogiam demais (neste caso, tu), sinto-me mal, ainda que me sinta bem. (Contraditório, eu sei). Sinto-me bem porque, logicamente, todas as raparigas gostam de ser elogiadas. Mas sinto-me mal porque tenho medo que só gostes de mim pela aparência. Isso tira-me do sério. E ao invés de me deixar segura e confiante, deixa-me com sérias dúvidas quanto à minha pessoa. E sou-te sincera, às vezes não me sinto boa o suficiente para ti. Não por não saber a pessoa que sou, mas sim por saber que não posso dar-te aquilo que queres na totalidade, porque, ainda que te queira agradar, respeito-me e sou fiel aos meus princípios. E é isso... Eu sou toda errada, toda imperfeita. Tal como tu. Mas sabes o que é perfeito no meio destas pequenas grandes imperfeições? É a maneira perfeita, recta mas tão curva, firme mas tão frágil, fria mas tão sensível, independente mas tão desprendida, exacta mas tão vaga, real mas tão um sonho, que eu te amo. Assim. Totalmente imperfeito. Mas perfeitamente ideal para mim.

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